Need For Speed e a crise de identidade
Hoje estamos saturados de bons jogos de corrida, temos ótimos simuladores como Grid, Forza, DiRT e até Gran Turismo 5, dentre outros, porém uma série antiga, aliás, a mais antigas das mais populares vem derrapando desde a geração passada numa incrível crise de identidade.
Need For Speed, não sabe se quer ser Gran Turismo, Burnout ou continuar no Underground.
A série começou la no começo da década de 90 no 3Do, depois sendo portado para Playstation, Saturn e PCs, e essa foi a era de ouro da série, ponto. Eram jogos simples, não tinha nada de simulação, pistas variadas diversos carros reais com umas bizarrices “secretas” como pilotar um tronco de árvore em NFS2 ou um helicóptero em High Stakes. Ainda na geração que viria a seguir, com Gamecube, Xbox, e PS2, tivemos alguns bons jogos, como o excelente Hot Persuit 2 que mantinha o espírito tradicional da série, corridas em estradas, pistas grandes, carros rápidos, diversos modos de jogo como perseguição e etc.
Daí resolveram mudar tudo, definitivamente, a série pegou carona literalmente com a modinha de velozes e furiosos e colocou toda aquela coisa de tunar carros e corridas ilegais noturnas em cidades, o primeiro foi bem legal, desafiador, o segundo matou a pau aumentando ainda mais as possibilidades do primeiro, de fato uma evolução, diversos modos de jogo até corridas de drag onde era preciso mudar a marcha no momento certo para manter vantagem. Tinha várias partes do carro personalizáveis, até mesmo o som do carro, algo que até hoje não sei pra que, mas tudo bem. E por último mas bem inútil, um modo sandbox onde podia-se pilotar livremente pela cidade em busca de ventos e desafiar oponentes.
Depois disso a série virou um caça níquel, cada ano era mais do mesmo, bom se fosse isso pelo menos estaria bom, começou um retrocesso nervoso onde a cada novo jogo a série perdia tudo o que fes Underground 2 ser um jogo legal e adicionavam recursos toscos no lugar, sério, de quem foi a ideia genial de colocar um modo de câmera lenta em Carbon? Será que Max Payne tava dirigindo o carro e eu não sabia?
Pra piorar colocavam enredos toscos nos jogos, sério, nenhum outro jogo de corrida tem enredo, será que a galera da EA realmente achou que isso seria uma inovação da série?
Recentemente resolveram deixar de lado esse lado Velozes e Furiosos de ser e apostar em modo mais realista, o resultado foi uma cópia mal feita de Gran Turismo. Na verdade não era de todo mal, tinha lá seus diferenciais, por exemplo danos no carro e também no motorista, sim, no motorista, quando bater um pouco mais forte a vista ficaria um pouco embaçada por alguns segundos, algo interessante, porém a jogabilidade travada botou tudo a perder. Logo viria a continuação desta aposta em Shift 2 que deixou o nome de NFS de lado, pouco melhorou na verdade, ou seja mais do mesmo, mas pra quem acompanha a série, isso não é nenhuma novidade.
Nesse meio tempo outro estúdio desenvolveu um jogo da série, nada mais do que a Criterion, responsável pela bem sucedida série Burnout, essa era a esperança de colocar a série nos trilhos novamente, e de fato foi, fizeram um remake de Hot Persuit, e o jogo ficou bem bacana, de fato como já se podia imaginar, e mais ou menos uma mescla de Burnout com o espírito dos NFS antigos, um Burnout focado em corridas e não na destruição dos carros, ainda que havia danos nos carros, porém não de forma tão agressiva e rigorosa. Acertaram em cheio, pena que durou pouco.
E daí chega a E3 de 2012 e um novo jogo anunciado, The Run, retorna no estilo Velozes e Furiosos de ser, o desespero foi geral, novamente colocaram um enredo tosco e ainda pioraram com a possibilidade de controlar o piloto fora do carro, porém apenas em eventos de apertar botões, nem preciso dizer que foi algo completamente desnecessário. A premissa desta vez é uma corrida de atravessar os EUA, o que pode ser interessante por demonstrar uma variedade nas pistas, é até um bom jogo, mas se perde no que os desenvolvedores acharam que seria um diferencial mas na verdade é algo desnecessário.
Após praticamente 10 anos de tropeços, qual é o erro da série com essa tremenda crise de identidade? Bom na minha opinião sofre do mesmo mal de várias outras séries, essa mania de transformar algo popular em caça níquel com versão anual, um ano não é tempo suficiente para desenvolver um novo jogo decente, adicionar carros, desenvolver pistas, conteúdo, melhorar a mecânica e o principal, adicionar recursos realmente inovadores. Gran Turismo 5 por exemplo levou 6 anos para ser desenvolvido, é um bom jogo, com certas ressalvas, mas a desenvolvedora teve tempo o suficiente para trabalhar no conteúdo do jogo, e o mais importante, manter sua personalidade.
Aí EA, fikdik 😉 bjomeliga